Marcação a mercado: o que é e como funciona?
O que é marcação a mercado? Leia o artigo e entenda essa conceito de uma vez por todas.
Artigo escrito por Marcos Moraes em 18 de Agosto de 2023
Criou-se um mito de que é impossível ter prejuízo por desvalorização de um título de renda fixa, mas isso não é verdade. Para entender essa questão, é preciso conhecer a marcação a mercado.
Após entender esse tema, será possível se resguardar contra alguns riscos e analisar melhor na hora de investir nessa classe de ativo.
Neste artigo, veremos o que é marcação a mercado e como ela se relaciona com a precificação dos títulos de renda fixa. Então, vamos nessa?
VEJA TAMBÉM: Renda fixa: ainda vale a pena? Como investir hoje
O que é marcação a mercado?
A marcação a mercado é uma mudança no preço dos títulos de renda fixa de acordo com a demanda e oferta dos investidores.
De acordo com a variação das taxas do mercado, os investidores demandam mais ou menos os títulos, mudando, assim, seus preços.
Essa mudança acontece somente se o investidor decidir resgatar seu título antes do vencimento, no mercado secundário.
Caso ele faça o investimento até o vencimento, receberá exatamente a taxa que foi contratada no momento da aplicação.
Como funciona a marcação a mercado?
Para entender melhor, é preciso conhecer os componentes de um título de renda fixa:
- Valor nominal (VN): valor nominal do título, que tinham como valor R$ 1.000,00 na sua origem, mas que foram sendo corrigidos pelos indexadores ao longo do tempo (títulos prefixados ainda têm o valor nominal de R$ 1.000,00);
- Preço unitário (PU): é o resultado da multiplicação da cotação pelo valor nominal;
- Taxa de juros (i): é o rendimento que vai incidir sobre o ativo, normalmente é baseado em um indexador, como a Selic ou o IPCA.
- Cotação: é o preço presente do fluxo do título, descontado pela taxa de juros; para títulos que não pagam juros periódicos, basta trazer o fluxo futuro a valor presente.
Para precificar um título, basta utilizar a fórmula a seguir:
Em que,
N = dias úteis faltantes até o vencimento (um ano tem 252 dias úteis).
Vamos a um exemplo de marcação a mercado.
Exemplo de marcação a mercado
Considere o valor nominal do Tesouro prefixado (um título que não paga cupom), que é R$ 1.000,00, que a taxa de juros do mercado seja de 10% ao ano e que falte um ano para o vencimento.
Nesse caso, quanto será a cotação desse título? Simples, basta substituir os valores na fórmula.
PU = 1000/(1+0,1)^252/252
PU = 1000/(1,1)
PU = 909,09
Ou seja, o investidor vai comprar o título por R$ 909,09 hoje e resgatar R$ 1.000,00 em um ano, totalizando um retorno de 10%.
Agora, veja bem! Se, as taxas de mercado subirem, o PU do título vai cair, concorda? Por outro lado, se as taxas caírem, o PU vai subir.
Isso é o que chamamos de marcação a mercado: a mudança no preço dos títulos por conta da demanda e oferta dos investidores.
Como assim? Se um título está pagando juros de 10%, mas as taxas do mercado estão em 15%, os investidores vão demandar menos esse título.
Pela menor demanda, o preço vai cair e, assim, o rendimento vai ser ajustado para os 15%, que é a taxa do mercado.
Importância da marcação a mercado
Antigamente, os títulos de renda fixa não tinham e não eram marcados a mercado, eram apenas corrigidos pelo indicador, desconsiderando as oscilações do mercado.
O problema com isso era que o investidor caía na ilusão de achar que seu título nunca desvalorizava, independente da data em que fosse vendido.
Por isso, no momento do resgate, muitos tinham surpresas, pois viam que o valor recebido era menor que o esperado.
Nesse sentido, os órgãos reguladores passarem a exigir que as corretoras de valores marcassem os títulos a mercado, ou seja, mostrarem o valor do título caso fosse vendido naquele momento.
Sabendo disso, os investidores estarão mais atentos aos ciclos de mercado, pois uma variação na taxa de juros impactará diretamente o preço dos seus títulos.
Compartilhe este conteúdo
Escrito por Marcos Moraes Especialista em Investimentos
Marcos Vitor é consultor financeiro, economista (UFC), analista CNPI (APIMEC), especialista em investimentos (ANBIMA) e acredita no poder da educação financeira para transformar vidas.
- Consultor financeiro
- Economista (UFC)
- Analista CNPI (n° 3772)
- Especialista em Investimentos Anbima (CEA)
- Criptomoedas (NovaDAX)