Resenha do Livro: O Mais Importante para o Investidor – Howard Marks
O Mais Importante para o Investidor é uma das principais obras sobre mercado financeiro. Portanto, leia nossa resenha completa e conheça alguns pilares da filosofia de Howard Marks.
Artigo escrito por Marcos Moraes
em 19 de Agosto de 2024
Dentre os princípios de investimento, qual é o mais importante para o investidor?
Primeiramente, não existe um investidor de sucesso que não esteja constantemente em busca de conhecimento.
Hoje em dia, com mercados cada vez mais dinâmicos, não ser diligente em seus estudos é a receita perfeita para performar abaixo do mercado.
Nesse sentido, se nós quisermos ser bem sucedidos em nossas aplicações financeiras, precisamos ler muito.
Mas, ler o quê? Leia relatórios, jornais, artigos, revistas especializadas e livros. Sem dúvida, a literatura sobre mercado financeiro é bastante rica, mesmo no Brasil.
Portanto, temos muitas ferramentas à nossa disposição que nos capacitarão a ser investidores melhores.
Dentre os livros traduzidos para o português, talvez, “O Mais Importante para o Investidor” seja o mais completo deles.
Nessa obra, Howard Marks traz lições valiosas sobre risco, ciclos de mercado, vieses comportamentais, relação entre preço e valor e muito mais.
Ficha técnica
Título: O Mais Importante para o Investidor: Lições de um Gênio do Mercado Financeiro
Autor: Howard Marks
Editora: Edipro
Data da publicação: 2011
Número de páginas: 208
Sobre o autor
Howard Marks é o vice-presidente e um dos sócios-fundadores da Oaktree Capital Management, empresa que faz gestão de ativos nos Estados Unidos.
Formado em economia pela Universidade da Pensilvânia, com especialização em finanças e MBA em contabilidade e marketing pela Universidade de Chicago.
Ele trabalhou na gestora de investimentos Citicorp por 16 anos, onde de 1978 a 1985 foi vice-presidente e gerente sênior de portfólio responsável por títulos conversíveis e de alto rendimento.
Em 1985, ele saiu da Citicorp e passou a trabalhar na TCW Group. Nela, ele era responsável por investimentos em dívidas inadimplentes, títulos de alto rendimento e títulos conversíveis.
Ao final de um período de 10 anos, saiu da TCW junto com outros colegas e fundou a Oaktree Capital Management.
Desde sua fundação, a Oaktree atua com títulos de alto rendimento, private equity e fundos de créditos podres.
Dentre essas obras, as principais são The Most Important Thing (O Mais Importante para o Investidor) e Mastering the Market Cycle (Dominando o Ciclo de Mercado).
Filosofias de investimento
Existe uma regra nos investimentos que diz que devemos comprar ações na baixa e vender na alta.
Nesse sentido, para que possamos ganhar dinheiro na bolsa, precisamos comprar algo por menos do que será vendido.
Para colocar essa regra em prática, existem diversas abordagens que podem ser divididas em dois tipos básicos: analisar os atributos da empresa, conhecidos como “fundamentos”, e aquelas baseadas em estudos do comportamento dos preços dos próprios ativos.
No segundo caso, o investidor terá que se utilizar da análise técnica, que é o estudo do histórico dos preços das ações.
Segundo o autor, essa estratégia não funciona, pois ele acredita na hipótese do passeio aleatório.
De acordo com essa teoria, os movimentos dos preços passados de um ativo não ajudam a prever movimentos futuros.
Portanto, o fato de o preço ter aumentado nos últimos dez dias não nos diz nada sobre o que acontecerá amanhã.
Em contraste a essa estratégia, existe a análise fundamentalista (baseada em fundamentos).
Ademais, o investimento baseado em fundamentos se divide em dois tipos: investimento de valor e investimento de crescimento.
Basicamente, o objetivo dos investidores de valor é chegar a um valor intrínseco e comprar quando o preço estiver abaixo desse valor.
Por outro lado, os investidores de crescimento tentam encontrar ativos cujo valor aumentará rapidamente. Contudo, não há garantias, pois os preços variam por diversos fatores imprevisíveis.
O que torna um ativo valioso?
Não há um consenso sobre esse assunto, mas Howard Marks acredita que existem fortes candidatos.
Recursos financeiros, gestão, fábricas, lojas de varejo, patentes, recursos humanos, marcas, potencial de crescimento e, acima de tudo, capacidade de gerar lucros e fluxo de caixa.
Investimento em valor
O investimento em valor busca o que é barato.
Aqueles que adotam essa modalidade geralmente dão atenção a métricas financeiras, como lucros, fluxo de caixa, dividendos, ativos físicos e valor empresarial, e, de acordo com elas, realçam o “comprar barato”.
O principal objetivo dos investidores de valor, então, é quantificar o valor atual da empresa e comprar seus ativos quando estiverem baratos.
Investimento de crescimento
Segundo o autor, o investimento em crescimento situa-se entre a monotonia do investimento em valor e a adrenalina da estratégia na análise técnica.
Seu objetivo é identificar empresas com um futuro promissor.
Isso significa, por definição, que a estratégia dá menos atenção aos atributos atuais da empresa e mais ao seu potencial.
O Mais Importante para o Investidor é conhecer a relação entre preço e valor
A ideia do autor é que não basta determina o valor de um ativo, é necessário analisar seu preço em relação ao seu valor.
Segundo ele, nenhum investimento é tão bom que não possa se tornar ruim se for comprado a um preço muito alto.
Portanto, só existe uma aplicação atrativa se esta estiver a um preço atrativo em relação ao seu valor.
Como o preço de um ativo é composto?
No longo prazo, os preços variam de acordo com os fundamentos, como tendências econômicas, lucros das empresas, demanda por produtos e competência da gestão da companhia.
No curto prazo, os preços são altamente afetados por fatores psicológicos e técnicos dos investidores, como otimismo, pessimismo, irracionalidade, etc.
Como foi dito, no longo prazo, os preços tendem a acompanhar os fundamentos.
Então, se você comprar uma ação com um preço menor do que vale e ficar com ela por tempo suficiente, você tem grandes chances de ser bem sucedido.
O Mais Importante para o Investidor é entender o risco
Entender o risco é um fundamental no processo de investimento.
Primeiro, porque risco é algo ruim e devemos minimizá-los. Além disso, não podemos correr um risco maior do que somos capazes.
Segundo, quando decidimos aplicar nossos recursos, nossas escolhas devem levar em consideração os riscos incorridos, bem como os retornos potenciais.
Por fim, o rendimento por si só possui um significado limitado. Assim, tão importante quanto saber quanto foi o retorno é saber com que nível de risco ele foi alcançado.
Risco maior significa retorno maior?
Em tempos de subida da bolsa de valores, muitos são levados a achar que quanto maior o risco, mais retorno alcançarão. Mas, será que isso é verdade? Howard Marks nos conta!
Ele começa analisando o gráfico que mostra a relação entre risco e retorno.
Essa é a “linha do mercado de capitais” que tem um comportamento ascendente para a direita indicando a relação positiva entre risco e retorno.
Os mercados se organizam de modo que os ativos mais arriscados pareçam oferecer maiores retornos. Se não fosse esse o caso, quem os compraria?
Esse famoso gráfico é elegante em sua simplicidade, mas muito tiram uma conclusão errada sobre ele e isso os põe em apuros.
Esse gráfico dá a entender que quanto mais risco corrermos, mais dinheiro ganharemos. Mas, isso não pode ser verdade.
Se os investimentos mais arriscados produzissem retornos mais altos, não seriam arriscados.
A formulação correta é que, para atrair capital, investimentos mais arriscados devem oferecer a expectativa de maiores retornos, mas não há nenhuma garantia que esse maior retorno esperado vai efetivamente acontecer.
Segundo ele, existe uma melhor forma de expressar a linha do mercado de capitais que torna mais fácil a compreensão da relação contida nesse raciocínio.
Os investimentos mais arriscados são aqueles para os quais o resultado é menos certo.
Ou seja, existem mais resultados possíveis.
Portanto, podemos entender que quando os preços são justos, os investimentos mais arriscados devem implicar o seguinte:
Maior retorno esperado, possibilidade de retornos baixos e, em alguns casos, possibilidade de perdas.
Faça gestão de risco!
Antes de podermos fazer a gestão do risco da nossa carteira, é preciso entendê-lo.
Risco nada mais é do que a incerteza quanto ao futuro, é a probabilidade de acontecer outras coisas além do esperado.
Muitos acham que se alguém tem ótimos retornos, ela soube correr risco, ou se alguém tem péssimos retornos, ela não soube correr riscos.
Contudo, isso não é necessariamente verdade.
Se existe 99% de chance de você ter um bom retorno, mas, por acaso, acontece aquele evento que tinha 1% de chance de ocorrer, você não fez uma má gestão de risco, você deu azar.
Portanto, precisamos compreender qual é o risco dos ativos para que escolhamos aqueles com a melhor relação risco-retorno.
Howard Marks admite que é difícil medir o risco, pois um investidor pode ver um ativo como muito arriscado, enquanto outro enxerga como muito seguro.
Contudo, em O Mais Importante para o Investidor, ele nos diz que fundamenta suas decisões em duas premissas que tendem a aumentar a segurança de um investimento:
Uma convicção a respeito do valor
Devemos aplicar em um ativo com uma boa confiabilidade a respeito de seu valor.
Caso não tenhamos a convicção necessária, estaremos nos expondo a uma gama de possibilidades maior do que deveríamos.
Uma boa margem de segurança
O autor já disse que procura ativos com o preço abaixo do seu valor, pois a tendência é que, no longo prazo, o preço se ajuste ao valor; portanto, quanto maior for essa diferença entre preço e valor, menos risco correremos ao passo que esperaremos uma rentabilidade maior.
O Mais Importante para o Investidor reconhecer que o mercado é cíclico
Segundo o autor, o mercado se comporta como um pêndulo, indo do otimismo ao pessimismo.
Embora o ponto médio do arco seja o que melhor descreva a localização do pêndulo “média”, ele realmente passa muito pouco tempo nesse ponto.
Em vez disso, está quase sempre oscilando entre os extremos de seu arco.
No entanto, sempre que o pêndulo está perto de uma das extremidades, mais cedo ou mais tarde, volta inevitavelmente para o ponto médio.
Essa oscilação é uma das características mais confiáveis do mundo dos investimentos, e os fatores psicológicos dos investidores parecem levá-los a passar muito mais tempo nos extremos do que em um “bom-meio termo”.
Além dos elementos mencionados, o pêndulo também oscila entre a ganância e o medo, entre a disposição para enxergar os fatos através de um filtro otimista ou pessimista, entre a credulidade e o ceticismo e entre a tolerância e a aversão ao risco.
A ênfase do livro O Mais Importante para o Investidor é que as maiores oportunidades de ganharmos dinheiro é quando as pessoas esquecem que o mercado é cíclico.
Nos mercados de alta, as pessoas acreditam que a bolsa vai subir indefinidamente, mas acreditam que vai cair indefinidamente quando estamos em um mercado de baixa.
É nesses momentos que surgem as oportunidades de comprar as ações por um preço menor do que valem ou vender por um preço maior.
Como aumentar nossas chances de êxito diante dos ciclos?
Howard Marks cita uma série de armas que a Oaktree usa nesse sentido:
Uma boa percepção sobre o valor intrínseco dos ativos;
Insistência em agir da forma correta quando o preço diverge do valor;
Bom conhecimento dos ciclos passados para saber os excessos do mercado são, enfim, punidos, não recompensados;
Uma compreensão completa do efeito enganador da psicologia sobre o processo de investimento nas extremidades do mercado;
Uma promessa de nos lembrarmos de que, quando as coisas parecem “boas demais para ser verdade”, geralmente são mesmo;
Disposição para parecermos errados quando o mercado passa de preços errados para preços mais errados ainda (algo que, invariavelmente, ocorrerá); e
Cercar-se de amigos e colegas que tenham o mesmo pensamento e possam nos oferecer apoio (e a quem também possamos apoiar).
O que é O Mais Importante para o Investidor?
Howard Marks nos apresenta princípios que são importantíssimos para nosso sucesso como investidores.
Sem dúvida, a ênfase dele no risco, na relação preço-valor e nos ciclos de mercado, mudaram minha visão sobre investimentos.
Ah, não podemos esquecer dos fatores psicológicos que influenciam a nossa decisão, não podemos cair em suas armadilhas. Temos que ser racionais!
Por fim, devo alertar sobre um ponto importante! Se você leu este artigo, pode ser tentado a achar que a leitura da obra se tornou dispensável.
Na verdade, nenhum resumo do livro O Mais Importante para o Investidor poderia sintetizar toda a riqueza de conteúdo contido na obra.
Portanto, sugiro sinceramente que você conheça esse autor que pode te fazer um investidor melhor.
Avaliação: O Mais Importante para o Investidor vale a pena?
Com certeza, O Mais Importante para o Investidor vale muito a pena, pois o autor consegue abordar de modo claro os principais temas de investimento de modo muito claro e objetivo.
Além disso, sua visão alternativa sobre riscos e sua explicação sobre os ciclos do mercado contribuem bastante para a formação do investidor.
Segundo a avaliação dos leitores: 4.8 estrelas.
Portanto, nós recomendamos a leitura desse livro, pois ele será muito útil para seus conhecimentos sobre o mercado financeiro.
Nesse sentido, você pode comprar o livro no link a seguir:
Escrito por Marcos Moraes
Especialista em Investimentos
Marcos Vitor é consultor financeiro, economista (UFC), analista CNPI (APIMEC), especialista em investimentos (ANBIMA) e acredita no poder da educação financeira para transformar vidas.
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