Endividamento e inadimplência são os maiores dos últimos 12 anos

Uma pesquisa recém divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) apontou que o endividamento e a inadimplência das famílias brasileiras voltaram a crescer em julho.

Segundo o levantamento dos dados, a alta indica que o endividamento e a inadimplência atingiram o maior patamar desde 2010, quando a pesquisa começou a ser realizada

Foram apontados que 78% das famílias brasileiras estão endividadas, e 29% estão com contas atrasadas, um registro de altas de 0,7% e de 0,5%, respectivamente, na comparação com junho.

Para José Roberto Tadros, presidente da CNC, a queda dos meses de abril, maio e junho foram mascaradas pela liberação de dinheiro do governo tanto na liberação de saque extra do FGTS, quanto na antecipação do 13º salário para os beneficiários do INSS.

“As medidas extraordinárias de suporte à renda, como os saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS, aparentemente tiveram efeito momentâneo no pagamento de contas ou dívidas já atrasadas, concentrado no segundo trimestre deste ano”, disse Tadro em nota.

Mais de 10% dos endividados não terão condições de pagar as contas

Entre junho de 2021 e junho deste ano, houve uma alta de quase 10% no endividamento das famílias, o comprometimento da renda da familiar com dívidas permaneceu em 30,4%, mesmo patamar desde abril.

Os dados também apontam que 22% dos brasileiros estão com mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas, sendo que 10,7% deles apontam que não terão condições de pagá-las.

O grupo mais comprometido está entre os consumidores que não concluíram o ensino médio (13%), que também foram os que mais precisaram atrasar pagamentos no próprio mês de julho (33,3%).

Endividamento também cresce entre mais ricos

A pesquisa desta vez também mostra que o endividamento não ficou isolado entre as pessoas com baixa renda, mas começou a afetar as famílias com renda acima de dez salários mínimos.

As famílias com alta renda contraíram dívidas, o que elevou 0,8% do novo índice, enquanto no segundo a alta foi de 0,6%.

Izis Ferreira, economista da CNC e responsável pela pesquisa, comenta que as famílias que ganham menos são as mais prejudicadas e que acabaram se endividando para poder manter o nível de consumo.

“As classes de despesas das famílias que ganham menos acabam gastando uma parcela maior do orçamento para fazer frente ao aumento da inflação, ou seja, foram mais afetadas e aumentaram o endividamento para sustentar seu nível de consumo”, completa.

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